“Com relação à utilidade de
rotinas, ou movimentos preestabelecidos, que a princípio poderiam parecer
desnecessárias no treinamento para o combate real, o professor Shahar menciona
que Tang Shunzi (1507-1560), outro militar veterano da época da dinastia Ming,
destaca em seu Compêndio Marcial (Wubian)
que “o motivo das formas nas artes marciais é facilitar a variações [...]
as rotinas possuem estruturas fixas, mas na prática real elas não existem.
Quando essas posições são utilizadas, tornam-se naturais, apesar de manterem
suas características estruturais.”. Esse parágrafo revela um elemento que quase foi perdido na prática
marcial atual; a prática de rotinas (taolu), que tem como objetivo ensinar o
discípulo como aproveitar a mecânica corporal da melhor maneira possível, e
continua com o estudo das aplicações de combate por meio das quais se adquirem
habilidades que não podem ser desenvolvidas com a prática solitária. Quando o
estudante entende os princípios dos movimentos que são feitos na rotina de
exercícios, ele pode se livrar do esquema preestabelecido nelas e fazer com que
os movimentos fluam com naturalidade durante a prática do combate livre, sendo
capaz - de um modo ideal - de manter os elementos de estrutura e alinhamento
corporal aprendidos na primeira fase de prática das rotinas.”
FONTE:
ACEVEDO, A. GUTIÉRREZ, C. CHEUNG, M. Breve História do Kung Fu. Editora Madras. 2011. 188p.